terça-feira, 20 de agosto de 2013

Oiticica: “Não é possível que os nossos gestores não tenham aprendido e repitam os mesmos erros”, diz Dom Jaime

Caicó sediou na manhã desta sexta-feira (16) a reunião dos bispos das três dioceses do Rio Grande do Norte. Coordenada pelo arcebispo de Natal, dom Jaime Vieira Rocha a reunião ainda contou com as presenças do bispo de Mossoró, dom Mariano Manzana e do padre Ivanoff Pereira, administrador da Diocese de Caicó. Na reunião, os três religiosos trataram da elaboração de um documento, a ser enviado para os representantes governamentais sobre a  situação da construção da Barragem de Oiticicas, no município de Jucurutu, e da Chapada do Apodi, na região Oeste do Estado.
Em entrevista ao Blog do Marcos Dantas, Dom Jaime demonstrou a preocupação da Igreja com a demora dos governos, no processo de desapropriação e reassentamento das famílias que moram nas terras onde será construída a Barragem de Oiticica.
É lamentável porque já estamos no Nordeste há décadas convivendo com a questão da estiagem e da prática de grandes barragens, e não é possível que os nossos gestores não tenham ainda o bom senso de terem aprendido com as experiências passadas para que não sejam repetidos os mesmos erros, e os mesmos desrespeitos para com as populações da própria área, sobretudo com as famílias que são desalojadas do seu espaço e da sua condição de vida, para que possam conviver com dignidade”, disse.
Qual é a preocupação da Igreja Católica?
Dom Jaime - A preocupação da Igreja é fazer com que o projeto aconteça, mas que dê toda atenção sobretudo a questão social, da dignidade humana e dos direitos adquiridos dos moradores que estão lá há décadas. Não é possível que as empresas que agora se propõe de mais uma barragem não tenham a sensibilidade e o respeito para com a história do Nordeste, para que não repitamos as mesmas injustiças. E mais ainda, dentro do atual contexto socioeconômico do País, em que as populações estão muito mais bem articuladas para com a preservação dos seus direitos.
A Igreja pensa em ser a articuladora dos moradores dessas comunidades junto ao Governo do Estado?
Sim. O nosso papel é este nos colocarmos muito claramente perante as autoridades, o Governo do Estado e qualquer outra instancia que esteja diretamente relacionada ao problema, para que as providências e os passos a serem dados prossigam nesta direção do respeito e da preservação dos direitos das pessoas. O valor das indenizações que é fundamental, como também o envolvimento da comunidade. No Seridó, nós já temos uma experiência louvável de participação comunitária, de discussão, de reunir o povo, as associações, fazer um dialogo e assim certamente quem se encarregar de executar um projeto como este, poderia se sentir comodamente diante do nível de consciência da população, para que o projeto se desse da melhor maneira possível, com a preservação e garantia dos direitos fundamentais de quem lá está.

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