Após três anos de criação, o Programa Mais Médicos já é reconhecido como um projeto que ajudou a melhorar a saúde no país. E este êxito alcança diversas regiões do país. A cidade de Ponta Grossa, no Paraná, é um exemplo. Recebeu 60 médicos cubanos pelo programa, celebrando um salto de 40 para 80 equipes de saúde da família no município – o que possibilitou uma cobertura de 85% da população pela atenção primária.
“O Programa Mais Médicos só veio possibilitar que a gente pudesse executar o nosso planejamento. Quando chegaram os profissionais, nós tivemos a possibilidade de abrir unidades de saúde, de implementar o atendimento na atenção primária no município, que era super baixo. Hoje nós estamos com 85% da população sendo atendida. Para Ponta Grossa o programa foi uma virada de página na Secretaria de Saúde”, afirma Angela Pompeu, secretária de Saúde do município.
Um caso palpável de melhoria aconteceu com chegada da médica cubana Zuleiky Leon Ruiz à Unidade Básica de Saúde Dr. Jayme Gusmann, há dois anos. Quando começou a trabalhar na unidade, Zuleiky ficou alarmada com o alto índice de uso de psicotrópicos pelos pacientes: “Eles estavam acostumados. Às vezes, chegavam aqui e já pediam a receita”, conta a médica.
Segundo a gerente da unidade, Graciane Malaquias, Zuleiky conseguiu diminuir em 80% o consumo de medicamentos para insônia, estresse e depressão entre os usuários. “Quando fomos avaliando, vimos que eles precisavam dessa interação do paciente com médico. Também solicitamos que tomassem chá, medicinas naturais, além do trabalho em conjunto com as enfermeiras, de falar com o paciente. E explicar que esses problemas que eles têm não se resolvem tomando psicotrópicos”, diz a cubana. Os 20% de pacientes restantes, considerados casos de uso de psicotrópicos com diagnóstico fundamentado, são enviados para acompanhamento conjunto de psicólogos e psicoterapeutas que formam a rede pública de saúde do município.
Zuleiky também priorizou o controle de doenças crônicas, como diabetes e hipertensão arterial, que, segundo ela, tinham uma incidência muito alta na população local. Uma das iniciativas da unidade para promover uma vida mais saudável na região é a Caminhada da Saúde – encontros que acontecem duas vezes por semana onde os usuários são convidados a caminhar, se exercitar e medir periodicamente a pressão e a glicemia. “Como sou pré-diabética, para mim foi interessante por causa disso, né? E agora com a doutora Zuleiky, que está fazendo o acompanhamento comigo. Ela é muito legal e muito atenciosa”, diz Lucimar Siqueira, paciente da unidade.
Integração de serviços
No bairro de Gralha Azul, onde a cidade está em plena expansão, a Unidade de Saúde Alfredo Lewandovsky foi inaugurada em 2015, ao lado da escola local. A intenção é integrar os serviços. E, para isso, além de atender os alunos da escola, a unidade programa palestras sobre saúde voltadas a alunos e professores. “O trabalho da unidade é em conjunto com a escola. São várias atividades que são desenvolvidas. Todo ano também tem um tema a ser trabalhado, a ser discutido. A gente acompanha desde os menorzinhos até o quinto ano da escola municipal”, conta Thelma Labiack, enfermeira-chefe da unidade.
“A palestra para os alunos é para ensiná-los, por exemplo, que a cada vez que comam têm que lavar as mãos, para evitar germes, evitar doenças. Já para os professores damos outras palestras: de como têm que fazer quando um aluno tem uma determinada doença, se têm que chamar aqui ao postinho. A população está muito agradecida com nossos médicos. Não só nós, os cubanos, e sim todos do Programa Mais Médicos”, conta a médica Trina Lucia Cordero Rodriguez.
A integração acontece de outra forma na Unidade Básica de Saúde Egon Roskamp, no bairro Santa Paula. Desde a reforma realizada em 2015, além do atendimento ambulatorial, a unidade oferece uma série de exames que podem ser realizados no mesmo local. Uma novidade é o eletrocardiograma, que é feito em uma sala na própria unidade.
Alessandra de Oliveira foi levar o filho de 6 anos para fazer um eletrocardiograma a pedido da médica cubana Selma Pérez Veriel, que atende toda a família na unidade. “Aqui não tinha antes não, agora com a reforma é que tem. Mas é bom que seja aqui, pelo menos eu não preciso me deslocar para um lugar mais longe”.
Selma explica que “essa integração é muito boa para nós e também para o paciente. Para a mãe que vem com o filho com essa preocupação por alguma doença. Porque para nós é melhor o acompanhamento dele”. Ela conta ainda que sua equipe cobre uma população de aproximadamente 9 mil pessoas. “O Programa Mais Médicos, para toda a população do Brasil, tem complementado os seus objetivos”.
O Mais Médicos foi criado em 2013 pelo Governo Federal brasileiro, com o objetivo de suprir a carência desses profissionais nos municípios do interior e nas periferias das grandes cidades. A Representação da OPAS/OMS no Brasil colabora com a iniciativa intermediando a vinda de médicos de Cuba para atuar em unidades de saúde do país. Com o Mais Médicos, foi possível preencher 18.240 vagas em 4.058 municípios brasileiros e 34 Distritos Sanitários Especiais Indígenas. Dessas, 11.429 foram ocupadas pelos profissionais cubanos.
Conforme informações do Ministério da Saúde brasileiro, após a implementação do programa, 700 municípios localizados em áreas remotas do Brasil passaram a ter pela primeira vez na história médico residente para atendimento na atenção básica. Os médicos cubanos também estão entre os trabalhadores que atuam na prevenção e diagnóstico do vírus zika e no acompanhamento de crianças com microcefalia.
Além disso, uma pesquisa feita pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) em parceria com o Instituto de Pesquisas Sociais, Políticas e Econômicas (Ipespe) – com aproximadamente 14 mil entrevistas – apresentou avaliações positivas da população sobre o desempenho dos profissionais brasileiros e estrangeiros que integram a iniciativa.
Do total de entrevistados, 85% disseram que a qualidade do atendimento médico ficou melhor ou muito melhor após a chegada dos profissionais do programa. Além disso, 87% dos usuários apontaram que a atenção do profissional durante a consulta melhorou e 82% afirmaram que as consultas passaram a resolver melhor os seus problemas de saúde.
Assista ao vídeo sobre o atendimento dos profissionais cubanos do Mais Médicos em Ponta Grossa: youtu.be/uKTWBd_hhfY.
Fonte: Blog da Saúde
Nenhum comentário:
Postar um comentário