A estudante Clara Isabelle Reis, de 17 anos, lembra que desde muita pequena costumava ser levada ao dentista. “Como minha mãe tem um problema na arcada dentária que pede bastante cuidado com a higiene dos dentes, nós sempre usamos o SUS para as consultas de rotina, para a limpeza bucal. Pelo menos duas vezes ao ano, estou no dentista para isso”, conta Clara. A mãe sempre incentivou e reforçou os cuidados com a saúde bucal em casa. “Quando eu era criança, ela me levou para fazer parte do programa do governo (Brasil Sorridente) que leva ajuda para as crianças não terem cárie. A gente aqui em casa é muito preocupado com a escovação e o cuidado da boca”, completa a estudante.
A Política Nacional de Saúde Bucal, intitulada Brasil Sorridente, representa um marco na mudança da atenção em saúde bucal no país trazendo ações de promoção, prevenção e recuperação da saúde bucal da população brasileira por meio do Sistema Único de Saúde (SUS). Com mais de doze anos de existência, a estratégia é referência mundial para a oferta de saúde bucal pública e de qualidade, com mais de 77 milhões de pessoas assistidas desde 2004, quando o programa foi implantado. O serviço está disponível em 5.034 municípios brasileiros, com 24.361 Equipes de Saúde Bucal e ainda 302 Unidades Odontológicas Móveis (UOM).
“ Sabemos que a Política Nacional de Saúde Bucal teve muitas melhorias, sendo reconhecida internacionalmente. Com ela, o usuário tem o atendimento de suas demandas de forma gratuita e com qualidade. Acreditamos que a Saúde Bucal vai além da questão estética e vai ao encontro da qualidade de vida, repercutindo diretamente na vida social de cada indivíduo”, explica a coordenadora de Saúde Bucal do Ministério da Saúde, Patrícia Lima Ferraz.
Assim como a mãe de Clara, a assistente social Francisca Oliveira, também se preocupa com a saúde bucal. “Com 11 anos, eu tinha 13 cáries e isso trouxe um trauma para a minha vida. Então quando eu casei e tive meus filhos, eu tinha medo que eles passassem pela mesma situação que eu. Eu cuidei bastante dos dentes deles, escovava e estava sempre preocupada com a limpeza da boca deles”, revela Francisca. O cuidado com os filhos trouxe resultados. A assistente social tem orgulho de dizer que hoje, Daniel, com 19 anos e Matheus, com 17 anos, não possuem cáries.
A mudança no histórico da família de Francisca não é isolada. Desde 2003, duas Pesquisas Nacionais de Saúde Bucal foram realizadas onde avanços puderam ser comprovados na vida dos brasileiros. Entre eles está a redução do índice de cárie em crianças, adolescentes e adultos. Com esses resultados o Brasil passa a fazer parte do grupo seleto de países com baixa prevalência de cárie aos 12 anos.
Resultados
Apesar da cárie dentária continuar sendo o principal problema de saúde bucal dos brasileiros, a situação melhorou, como foi citado, entre 2003 e 2010. Na idade de 12 anos, utilizada mundialmente para avaliar a situação em crianças, a doença atingia 69% da população em 2003. Essa porcentagem diminuiu para 56% em 2010.
O número médio de dentes atacados por cárie também diminuiu nas crianças: era 2,8% em 2003 e caiu para 2,1% em 2010 – uma redução de 25%. Em termos absolutos, e considerando a população brasileira estimada para 2010, essas reduções indicaram que, no período considerado, cerca de um milhão e 600 mil dentes permanentes deixaram de ser afetados pela cárie em crianças de 12 anos em todo o país.
Em adolescentes, a redução do número de dentes que foram poupados do ataque de cárie, em relação a 2003, chegou a aproximadamente 18 milhões. As necessidades de próteses dentais por adolescentes diminuíram em 52%. Entre os adultos o destaque cabe a uma importantíssima inversão de tendência: as extrações de dentes vêm cedendo espaço aos tratamentos restauradores. Em adultos, as necessidades de próteses caíram em 70%. Esses números são as principais conclusões da “Pesquisa Nacional de Saúde Bucal – 2010”. Os dados foram obtidos em 177 cidades, nas cinco grandes regiões brasileiras, e mostram a situação em todas as capitais estaduais, no Distrito Federal e no interior do país.
Fonte: Gabi Kopko, para o Blog da Saúde
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