Cuidar da Saúde também é coisa de homem. E
cuidar da saúde não se trata de procurar um médico apenas quando estamos
com algum sintoma incomum, ou com alguma doença. É preciso olhar para o
corpo como um todo, e cuidar do físico e da mente, da qualidade de
vida, do lazer e das relações pessoais. Cuidar é buscar o serviço de
saúde para orientação e informação sobre prevenção e também tratamento.
Pensando em ampliar a procura dos homens às Unidades Básicas de
Saúde, o Ministério da Saúde, por meio da Política Nacional de Atenção
Integral à Saúde do Homem (PNAISH), busca desenvolver ações que
possibilitem entender a realidade e promover o cuidado e prevenção dos
homens entre 20 e 59 anos de idade. A ideia é reduzir as taxas de
mortalidade e morbidade e melhorar a qualidade de vida dos homens.
Seja jovem, adulto ou idoso, cuidar da saúde é extremamente
importante. Mas para cada fase, as prioridades e a atenção devem ser
diferentes. Francisco Norberto Moreira da Silva, da Coordenação Nacional
da Política de Saúde do Homem, do Ministério da Saúde (MS), explica que
atualmente o principal objetivo das políticas públicas é trazer os
homens para dentro das Unidades de Saúde, e os retirar da
invisibilidade. “O homem que antes era levado pelos familiares sumiu da
Unidade onde é feita a prevenção, promoção e o cuidado em saúde, e
aparece muitas vezes quando tem a doença instalada, para ser internado,
quando já tem pouca resolutividade”.
Saúde para todas as idades
Para cada fase da
vida, o SUS pode ser um aliado. Diego Callisto, 26 anos, assessor
técnico , entende que conscientizar os jovens sobre a importância da
saúde é desconstruir a ideia de que o médico só deve ser procurado em
caso de adoecimento. “A prática do jovem de procurar o serviço de saúde
deve ser uma rotina constante, e fazer parte do seu hábito de vida”,
explica.
Diego é soropositivo. Por conta da doença, ele precisa
fazer uma série de exames clínicos e consultas para avaliação. Só a
partir disso foi que a rotina médica mudou. “Era muito remoto quando eu
procurava o serviço de saúde. Foram no máximo cinco vezes, seja até para
fazer um exame de sangue simples ou um dermatologista. Nem isso eu
tinha o hábito de fazer”, lembra.
Segundo dados de 2014 do Ministério da Saúde, a maior parte das
doenças que afetam a população masculina são, em geral, consideradas
evitáveis por meio de hábitos saudáveis. Doenças do aparelho
circulatório e neoplasias, juntas, somam 41% das causas de óbito de
homens no país.
Assim, o homem jovem assume um papel muito importante na prevenção e
busca por informações a respeito dos problemas que o afetam no
cotidiano. “É muito importante que o jovem procure os serviços de saúde
com os braços abertos, entendendo que ele pode fazer com que o
profissional tenha um entendimento do tipo de comunicação que deve ser
feita e como que ele pode se sentir parte daquele serviço”, incentiva
Diego.
O Policial Militar, Eduardo Arantes, de 40 anos, percebeu a
necessidade de olhar mais para o corpo dele antes de ter alguma doença
ou problema de saúde grave. Por conta do trabalho, sempre realizou
exames de rotina, e praticava exercícios físicos, mas a alimentação
também passou a ser um ponto importante. “A gente vai amadurecendo e a
preocupação com a saúde vem vindo. Nos últimos anos eu venho me cuidando
um pouco mais e tentando me alimentar melhor no dia a dia”, explica.
Além disso, mais do que apenas a maturidade adquirida com a idade,
também passou a sentir que o corpo não respondia mais da mesma maneira.
“Na faixa de 20 até 30, a gente acaba comendo de tudo, e o metabolismo é
mais acelerado. Aos 35 eu dei uma reformulada na minha dieta, perdi
10kg e hoje eu não tenho uma alimentação perfeita, mas melhorei muito.
Eu me conscientizei, e fui direcionando o meu caminho para uma vida mais
saudável”.
Francisco Norberto Moreira da Silva, da Coordenação Nacional da
Política de Saúde do Homem, explica que essas medidas no cotidiano
também são importantes para pensar saúde integral do homem. “Temos que
pensar também na qualidade de vida e na promoção da saúde. Na
atualização da carteira vacinal, que eles façam exames de rotina,
verificação da pressão arterial e como que está a alimentação”.
Outro dado alarmante em relação à saúde do homem trata da hipertensão
arterial, que pode ser combatida com hábitos saudáveis tanto na
alimentação quanto na prática de exercícios. Segundo a Organização
Mundial de Saúde (OMS), estima-se que pelo menos 50% das doenças do
coração e 75% dos acidentes vasculares cerebrais ocorram por conta da
hipertensão arterial. A prevalência desse problema é maior entre a
população adulta, e cresce com o aumento da idade, sendo a doença mais
frequente em idosos.
Mas mesmo na terceira idade, e com problemas de saúde, é possível se
cuidar e pensar a saúde do homem. Epitácio Epaminondas, de 65 anos, e
Presidente Nacional do Sindicato dos Trabalhadores, Aposentados,
Pensionistas e Idosos (SINTAPI) brinca que está fazendo hora extra,
mesmo esbanjando disposição. “Eu já enfartei, já tive pneumonia duas
vezes, diverticulite, herpes zoster e sou diabético. Então tenho que me
tratar. Se eu não me tratar eu não sobrevivo. Eu digo pra todo mundo que
temos que dar exemplo para as pessoas que vêm posteriormente”.
Epitácio, assim como Eduardo, também procura comer comidas mais
saudáveis e de maneira mais regrada, sem exageros. Outro cuidado que
gosta de reforçar é a questão do envolvimento familiar para a saúde do
homem, e que os problemas específicos deste grupo sejam discutidos. “É
importante abrir a discussão, porque o corpo humano é o mesmo em mim e
em você. O corpo humano você trata porque você só tem um”.
Ao longo dos anos, ocorreu um intenso envelhecimento da população
masculina no Brasil. Segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de
Domicílio (PNAD/IBGE 2013), a população idosa é composta por
aproximadamente 26,1 milhões de pessoas, sendo 11,5 milhões homens.
Nesse sentido, a mudança no perfil demográfico da população do País,
levou o Ministério a promover medidas coletivas e individuais de saúde
para este público.
Mas deve partir de cada um procurar as Unidades de Saúde. O
presidente do SINTAPI reforça que só assim é possível ter uma vida com
qualidade. “Não adianta achar que você é maior do que qualquer doença ou
qualquer mal que possa te ocorrer. Tem que ir antes, porque você
consegue superar se tratar no começo. Procure o seu médico, use isso
como um empoderamento para trabalhar a questão da vida”.
O Coordenador Nacional da Política de Saúde do Homem, Francisco
Silva, também destaca que a mudança cultural, independente da idade, é
uma oportunidade para conhecer e cuidar de si próprio. “Esse exercício
de conscientização e orientação, de chamar a pessoa a participar do
tratamento, é contínuo. Participar das ações que são ofertadas e chamar a
comunidade como um todo, é um ganho extremamente enriquecedor se o
homem se cuida”.
Inscrições abertas para curso EAD de Atenção Integral à Saúde do Homem
A
Coordenação Nacional de Saúde do Homem, em parceria com a Universidade
Federal de Santa Catarina (UFSC), abriu as inscrições para o curso à
distância de “Atenção Integral à Saúde do Homem”, com o objetivo de
chamar a atenção para os principais fatores de mortalidade e os
determinantes sociais que levam a vulnerabilidade masculina. Podem se
inscrever: equipes de saúde da família (médicos, dentistas e
enfermeiros), profissionais dos Núcleos de Apoio à Saúde da Família
(NASF), e profissionais das equipes de saúde do sistema prisional de
todo o território nacional. Saiba mais aqui.
Fonte: Aline Czezacki, para o Blog da Saúde
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